sábado, 15 de janeiro de 2011

Cerveja a um Real

Em meu segundo ano em Criciúma e na UNESC ( Universidade do Extremo Sul Catarinense ), esforçava-me bastante por conseguir meu cref de provisionado pois o que havia conseguido e pago no Rio Grande do Sul, disseram, haviam sido invalidados em Brasília a todos o que o obtiveram naquele estado (RS) por não ter sido requerido.....dentro dos parâmetros corretos.....é mole rsrsrsrs ......isso dentro da entidade oficial. Então buscava em Santa Catarina, tentar conseguir esse bendito documento para poder sentar no banco e comandar minha equipe feminina diretamente e não indiretamente, como ate então era obrigado, fora das quatro linhas. O meu trabalho, tanto no Rio Grande do Sul por pouco tempo e em Santa Catarina nesse momento, tinha muito a ver com o contato freqüente entre eu e os estudantes das escolas publicas e algumas privadas, logrando desta forma jovens talentos para a posteriores, lapidá-los em meu clube.
Resolvi então em Criciúma, entre os alunos da Unesc, uma das mais destacadas do país segundo os exames federais. realizar um curso para os alunos de educação física de nossa faculdade, como também das outras de nossa região, basicamente porque hoje em dia, apenas o professor de educação física é habilitado oficialmente a dirigir equipes. Minha inquietude primeira foi quanto a qualidade do curso, em segundo, que fosse um valor acessível a eles os alunos e aos demais e em terceiro lugar que naquele breve período de ensino tivessem os participantes um mínimo de conhecimentos básicos a fim de tecnicamente estarem razoavelmente preparados a desenvolver habilidades em seus alunos. Finalmente, por ultimo, dar então noções básicas de planteamentos ofensivos e defensivos.
Depois de muitos telefonemas, contatos, solicitações ao CREF de Santa Catarina e quando já estava eu prestes a desistir e resignar-me em poder acompanhar minha equipe do alto, apareceu uma luz no final do túnel. O Marcos Soratto ( Pipoca ) também necessitava o documento pois como eu não era formado em Educação Física. Através dele, como treinador da Seleção Brasileira de Futsal, com a ajuda da Bina, secretaria de esportes da Unesc, finalmente, fui incluído em um pequeno curso o qual me possibilitaria receber o documento mediante o pagamento, logicamente, de um valor simbólico, quase duzentos reais para essas 5 ou 6 horas de curso.
Por outro lado, nosso curso de treinadores marchava lentamente, os e-mails aos alunos mostraram-se pouco eficazes dentro de nossa própria universidade, sem o retorno dos estudantes. Analisando as dificuldades, percebi que sem ajuda não conseguiria concretizar meu objetivo principal e então pedi a Bina e a Cida que me ajudassem e também participassem da promoção do evento. Tivemos de incluir também a Associação de Professores e Funcionários de Criciúma como promotora, ademas do Marcos Soratto que daria ainda mais brilhantismo ao curso. Apesar de que entre tanta gente o dinheiro iria ser pouco para todos, a intenção não era ganhar dinheiro, mas sim, proporcionar algo interessante a todos os futuros professores e amantes da modalidade.
Sempre me importei em meus cursos, devido ao escasso tempo que existe neles, torná-lo o mais rentável possível. Desde os conceitos mais simples, mostrá-los claros a todos e partindo de um início básico visualizar um horizonte mais largo. Tenho absoluta certeza que um professor ou treinador, me referindo a parte técnica, mesmo sem nunca haver jogado ou treinado pode perfeitamente desenvolver fundamentos em seus alunos, melhorando-os, sejam eles atletas de competição ou não. Quantos encontros presenciei que professores davam um tamanho volume de opções táticas, um porre de um Ph.D de física que tinha o poder de anestesiar, dormir e provocar um sentimento de inferioridade nos pobres universitários e participantes presentes a tão profunda exposição de sabedoria. Ora bolas, a primeira coisa que esse Ph.D, se desejasse ser um bom serviçal, é compreender, estar ciente do perfil de alunos com quem vai falar e buscar uma linguagem acessível, simples e clara a todos os participantes, sejam eles professores de alunos de primeiro grau ou treinadores de media ou alta competição. Aí estes o segredo e o objetivo principal de um encontro assim. Que saiam de lá melhores e não piores de quando entraram. Motivar mesmo aqueles que vão para lá apenas em busca de um diploma e que não gostam da modalidade, requer sim conhecimento e respeito ao próximo sim.
Eu e o Pipoca, fomos informados pelo CREF que deveríamos estar em Florianópolis com alguns documentos e com o valor depositado no banco. Pagamos o curso e no dia marcado, fomos ao encontro do lugar onde receberíamos as 6 horas de aula e o ansiado documento de profissional da Educação Física especializado em Futebol de Salão, assim nos disseram ao chegar-mos lá, profissional de futebol de salão. Éramos 40 e tantas pessoas e a maioria ansiava e havia sofrido mais que eu e o Marcos na espera da carteira habilitadora. Ate agora não entendo essa exigência que a considero um erro. Em minha carreira como jogador tive como treinadores comerciantes, médicos, professores de varias áreas.....ótimos treinadores....em nenhum lugar dos que estive no mundo conheço tal exigência...perdemos muito com isso....muitíssimo mesmo. Presenciamos algumas aulas sobre ética esportiva e biologia....e depois finalmente nos entregaram o nosso Cref e pudemos retornar aliviados para casa. Há depois chegou a mensalidade anual de 400 reais, ou seja, um valor simbólico, para pagar. Achei estranho o valor e indagando apos me aclararam que era só o primeiro ano e depois recairia no valor normal de quase 200 reais. Agradeci. A Bina e a Cida movimentaram-se bastante dentro da Unesc a ponto de visitar-mos sala por sala do curso de Educação Física da universidade, expondo o nosso clining onde estabelecemos uma taxa bem baixa de vinte reais aos estudantes da Unesc. Paralelamente enviamos e-mails a outras faculdades e colocamos em evidencia em alguns blogs da modalidade o clining. As inscrições iniciaram-se e tivemos um numero inesperados de gente de fora de Criciúma e ate de outros estados. A decepção maior foi com os alunos da Unesc que estiveram presentes em minoria, muito longe do que esperávamos. Alias, mais da metade dos 60 e algo inscritos não eram professores formados ou estudantes mas treinadores de equipes de crianças, que realizavam labor sem nenhum interesse econômico em bairros afastados da cidade. Durante a semana, descobrimos o motivo da ausência dos alunos da Unesc.......podem acreditar.....havia uma festa nesse dia e eles desejavam permanecer manha, tarde e noite nela....o litro da cerveja estava sendo vendido a Um Real.....optaram então por beber manhã, tarde e noite rsrsrsrs
Apenas como um adendo ao já exposto, a Universidade do Extremo Sul Catarinense o ano passado, em parceria com o Governo Federal ofereceu um numero razoável de bolsas de estudos a jovens comprovadamente pobres......infelizmente poucos candidatos ganharam a bolsa...motivo??? O teste era simples....uma redação sobre qualquer tema....infelizmente a grande maioria dos candidatos não tinham conhecimentos sequer para expor qualquer idéia no papel........
Obrigado

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